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Se compreender é impossível, conhecer é necessário.
Primo Levi

“Do rio que tudo arrasta se
diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as
margens que o comprimem” B.Brecht

"Politicians should read science fiction, not westerns and detective stories." - Arthur C. Clarke

Time is so old and love so brief
Love is pure gold and time a thief (Billie Holiday)

Ai que preguica! (Macunaima)

No creo en la eternidad de las peleas
Y en las recetas de la felicidad (John Drexler, Mercedes Sosa)

Na aula de hoje: Todo vice é um Kinder Ovo; vem com uma surpresa dentro.



domingo, 10 de outubro de 2010

Debate 2 turno: Plínio no Twitter




Que bárbaro a disposição dele em utilizar dos tools da rede.

Show V.I.T.R.I.O.L. - Osvaldo borgeZ

Olá
Para relembrar...
"... Vou de braço com minha viola
e apuro meu canto, boa companhia.
Pé de valsa, tamanco me calça,
me leva a meu povo, minha estrela guia..."

Vem celebrar comigo a estreia do meu Show V.I.T.R.I.O.L. no Centro Cultural Rio Verde dia 17.10 às 15h!?
Ficarei muito feliz com sua presença... e se puder ajudar a divulgar, também muito grato.
Teremos lista amiga de R$ 10,00, com consumo à parte. Basta informar na entrada e me entregar a comanda pra eu assinar.
O Arte & Brunch é um evento para toda a família, dá pra levar as crianças.
Todas as informações estão no Serviço abaixo.
Viva N. Sra. Aparecida! Viva as crianças - a do coração também!
Gratidão.
Luz!
OZ

SERVIÇO:
Centro Cultural Rio Verde apresenta "Arte&Brunch"
contação de histórias com Tecka Mattoso e Cia. da Estrela
música com grupo Oliveira
música com V.I.T.R.I.O.L. - Osvaldo borgeZ [OZ] e banda - 15h http://www.myspace.com/osvaldoborgezoz
ao sabor do delicioso Brunch da Tia Amélia
Data: domingo, 17.10.2010
Hora: 10:30 às 16:00h
Local: Centro Cultural Rio Verde
Endereço: Rua Belmiro Braga, 119 - Vila Madalena
Informações: 3459-5321 / http://www.centroculturalrioverde.com.br/site/
Entrada antecipada até dia 15.10 no Centro Cultural Rio Verde ou com Mario (11) 7897-7321
R$ 25 com direito a Combo Brunch
Entrada no dia:
R$ 15 couvert artístico
R$ 20 Combo Brunch

--
Osvaldo borgeZ (OZ)
Terapeuta Corporal
Cantor e compositor
11 9325-2799
myspace.com/osvaldoborgezoz

Κάθαρσις

"kátharsis"




Aristóteles , sobre a catarse, dizia que quando a comunidade assistia, no teatro, a uma tragédia, ela se via refletida nas paixões levadas ao extremo e o efeito era a comunidade refletir e depurar-se. Absurdo o pedido de proibição das obras de Gil Vicente.

O que falariam então sobre a obra de Grosz?



E os caras que queriam a proibição são acadêmicos!!!! sabem latim, leram todos os filósofos!

Imaginaram o escândalo de uma exposição de Milo Manara, não sobre a sensualidade a que estamos acostumados nas propagandas de cerveja, mas no erotismo "sacro"? Ainda não estamos preparados pra tanta coisa. Credo.

site oficial Milo Manara

O que falta é imprensa - 07/09/2010 - Brasília Confidencial

AYRTON CENTENO

O Brasil inteiro foi martelado, nas últimas semanas, por nomes como Atella, Adeilda, Ademir e outros menos citados, todos em meio aos seus 15 minutos de fama, engolfados pelo episódio da quebra de sigilo de notáveis do PSDB e da filha do candidato José Serra. Dia e noite alimentam o tropel dos jornalões e TVs. Mas o Brasil pouco sabe do sargento César Rodrigues de Carvalho. Ele não serve a uma campanha, mas deveria, ao menos, servir ao jornalismo. Até isso, porém, tem lhe sido ofertado com parcimônia. Carvalho promete uma história e tanto, mas a mídia nacional faz de conta que ele não existe.

Professores e pesquisadores de Filosofia lançam manifesto pró-Dilma



Um grupo de professores e pesquisadores de Filosofia, de várias universidades do Brasil, decidiu lançar um manifesto em apoio à candidatura de Dilma Rousseff para a Presidência da República. "Cremos que sua chegada à Presidência representará a continuidade, aprofundamento e aperfeiçoamento do combate à pobreza e à desigualdade que marcou os últimos oito anos", diz o texto. Os professores e pesquisadores de Filosofia também manifestam preocupação com a instrumentalização do discurso religioso na presente corrida presidencial.
(...)
Devido a vários pedidos de pessoas sem vínculo institucional na área da filosofia, a equipe que elaborou o manifesto de professores e pesquisadores de Filosofia em apoio à candidatura de Dilma Rousseff decidiu criar uma petição “universal”, com o objetivo de permitir que qualquer indivíduo apóie o manifesto original.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17035&editoria_id=4

Tarso Genro_CartaMaior



Texto da entrevista: Carta Maior

Ausência de pluralismo: a falta de um jornal popular - Copyleft


Carta Maior

Décadas atrás, o escritor Monteiro Lobato, aflito com a incultura e particularmente com contingente de iletrados, solicitou aos donos de "O Estado de S.Paulo" que o jornal fosse utilizado na luta para vencer o vergonhoso quadro de milhões e milhões de analfabetos no país. Após muito pensar, um dos proprietários respondeu ao criador do Sítio do Pica-pau Amarelo, provavelmente com o mesmo tom com que hoje condenam o voto dos pobres a uma espécie de sub-voto: “Ô Lobato, mas se todo mundo aprender a ler...quem é que vai pegar no cabo da enxada”. A proposta de Monteiro Lobato foi recusada. O pluralismo da psicanalista Kell, condenado. O artigo é de Beto Almeida.

Beto Almeida (*)

A demissão da psicanalista Maria Rita Kell do corpo de colaboradores do Jornal “O Estado de São Paulo” reacende a incontornável discussão sobre a ausência de pluralismo na imprensa brasileira de grande circulação, em clara ofensa ao disposto no capítulo da Comunicação Social da Constituição Federal. Kell afirma ter sido demitida por “delito de opinião” após ter escrito artigo em que denuncia o esforço de desqualificação dos votos das camadas mais pobres da população.

Até mesmo argumentos utilizados na eleição passada pelo conhecido sociólogo Hélio Jaguaribe indicando que os votos que elegeram Lula possuíam um significado inferior em relação aos votos do candidato derrotado, estes sim, e só estes, como que por encanto, dotados de uma dimensão de nação, constavam o artigo que causou a demissão. Por desdobramento, o presidente Lula que promoveu recuperação significativa do salário mínimo, expandiu a classe média, reduziu robustamente os milhões de famintos, recupera a Petrobrás e a indústria naval, sob reconhecimento internacional expressivo, não teria sido eleito - segundo esta teoria esdrúxula - por votos com plena legitimidade.

Democracia X “democracia”
Mais surpreendente do que ver quem se encontra entre os insinuadores de tal interpretação que, por paralelo, remonta aos critérios da eleição a “bico de pena”, é a a assustadora complementaridade e identidade que estes conceitos possuem com a nova “teoria da democracia” exalada pela Casa Branca, segundo a qual, não basta que um governo seja eleito pelo voto democrático para conferir-lhe legitimidade. Para o novo critério de democracia que vem do norte, depende de como estes governos eleitos governem ou qual concepção de democracia apliquem para serem, em definitivo, considerados ou não democráticos.

Os exemplos estão por aí. Se um governo decide assumir plena soberania sobre o seu território, como o governo do Equador, que recuperou o controle sobre a Base Militar de Manta, antes administrada por contingentes norte-americanos, este comportamento não permite que lhe seja conferido o rótulo de democrático. Ou quando um governo eleito democraticamente pelo voto direto - o que não ocorre nos EUA - decide nacionalizar suas fontes de recursos naturais, como o faz o governo da Bolívia, isso também configuraria comportamento não democrático, coincidentemente, por contrariar os interesses vitais de empresas norte-americanas em várias partes do mundo.

O modelo de representação política dos EUA, mesmo com históricos altos graus de abstenção, de cadastros eleitorais em que se fazem assepsia dos eleitores negros, pobres, asiáticos e ex-presidiários, da bilionária dependência de esquemas financeiros para que alguém seja candidato e do impenetrável controle de uma mídia dominada por anunciantes vinculados à indústria bélica, nada disso pode ser questionado do ponto de vista democrático. Nem mesmo o histórico de vinculações da Casa Branca na supressão dos regimes democráticos em várias partes do mundo ao longo de décadas. Lá sim, existiria o modelo de democracia.

O voto de pobre vale menos?
A psicanalista Maria Rita Kell ousou revelar murmúrios indignados que podem estar povoando os ambientes das oligarquias midiáticas diante da impossibilidade de impedir que herdeiros ex-escravos possam exercer seu direito a voto. Sobretudo depois de estarem gradativamente recuperando o seu direito de trabalhar com carteira assinada, de serem reconhecidos pelo estado por meio de um programa social que lhes retira e aos seus filhos do corredor da pena de morte pela fome. O Brasil acaba de ser reconhecido pela FAO com um dos países que mais contribuem na atualidade para a redução da fome. Mas, do lado de cá, sociólogos, um tanto envergonhados é bem verdade, querem insinuar que os votos destes que escapam da pena de morte da fome não teriam legitimidade. E quem revela este pensamento merece a pura e simples sentença da demissão. Decidida no mesmo ambiente em que floresceu e germinou com desenvoltura a discricionária e cruel idéia de um ex-diretor do jornal mencionado, que sentiu-se no direito de matar uma jovem jornalista porque, afinal, ela teria cometido a gravíssima falta de pretender.....terminar o namoro.

Monteiro Lobato desprezado
Quando o senador Suplicy sobe à tribuna e solicita à direção do centenário jornal que reverta a demissão de Kell - que para nossa sorte não corre risco de vida e poderá nos iluminar com novas análises corajosas se encontrar espaços de publicação - embora bem intencionado, pode ser que não conheça episódio marcante da história deste diário. Décadas atrás, o escritor Monteiro Lobato, aflito com a incultura e particularmente com contingente de iletrados, solicita aos donos deste diário que o veículo fosse utilizado de modo militante e compromissado na luta para vencer o vergonhoso quadro de milhões e milhões de analfabetos no país. Após muito pensar, um dos proprietários responde ao criador do Sítio do Pica-pau Amarelo, provavelmente com o mesmo tom com que hoje condenam o voto dos pobres a uma espécie de sub-voto: “Ô Lobato, mas se todo mundo aprender a ler...quem é que vai pegar no cabo da enxada”. A proposta de Monteiro Lobato foi recusada. O pluralismo da psicanalista Kell, condenado. Veremos o que ocorrerá com relação à solicitação do senador.....

Apesar da evidente ausência de pluralismo na mídia brasileira, de sua crônica incapacidade para cumprir minimamente a Constituição Federal, do indevassável controle de algumas poucas famílias sobre a indústria da informação no Brasil, ainda assim, há gente que se preocupa não com este controle já existente do mercado cartelizado sobre os veículos de comunicação, mas com uma mera proposta de regulamentação da Constituição, colocando-a em sintonia com a tendência mundial que registra regulação crescente da comunicação como único caminho para assegurar-lhe pluralismo, diversidade, bem como caráter educativo, civilizatório e informativo nos seus conteúdos.

Comunicação é estratégica
O problema , no entanto, é que anos e anos de alerta e argumentação junto aos segmentos progressistas para que considerem a comunicação como algo estratégico, parece surtir pouco efeito organizativo. Só eventualmente, em momentos decisivos da política, este debate retorna ao cenário central da conjuntura, mas , quase sempre, limitado à reclamação indignada que, embora justa, termina por não colocar na mesa das iniciativas centrais das políticas progressistas, a necessidade de se construir alternativas concretas.

Será que um partido como o PT, com capacidade de alcançar a presidência da república galvanizando a simpatia e a adesão de fatias expressivas da sociedade brasileira, mesmo ainda com uma curta existência na cena política, não teria condições de organizar, criar, fundar, um jornal de cunho popular, de grande circulação, com capacidade, aí sim, de promover o verdadeiro pluralismo informativo, já que a queixa, a bronca, a reclamação sobre a falta deste atributo cidadão junto aos oligarcas da mídia tem se mostrado reiteradamente frustrante?

Publicaram que o Brasil não tinha petróleo
Tantas vezes muitos de nós já escrevemos e reiteramos aqui mesmo e em outras tribunas sobre o que representou o jornal Última Hora, criado sob estímulo de Vargas, ele mesmo alvo de intensa campanha de desmoralização e destruição de imagem, na época intitulada “mar de lama”. Com a imensa popularidade que possuía, seja por ter criado a Petrobrás, o salário mínimo, os direitos trabalhistas, a licença maternidade, a siderúrgica de Volta Redonda, a Rádio Nacional, a Rádio Mauá, o Instituto Nacional do Cinema Educativo, o BNDES, etc, Vargas percebia que se dependesse da imprensa da época, o Brasil nunca teria petróleo, o salário mínimo e os direitos trabalhistas não passavam de privilégios descabidos, que a única linha editorial verdadeira e aceitável era a deposição do presidente. Ou seja, será que magnatas da comunicação que chegaram ao ponto de bradar o Brasil não possuía petróleo, podem ser sensibilizados e corrigir-se? O argumento ainda é válido para hoje. Como disse Giordano Bruno quando as fogueiras da Inquisição estavam sendo acesas “Que ingenuidade a minha, pedir ao poder para reformar o poder”

Hora de recriar um jornal popular
Será que as forças progressistas não devem pretender construir seus próprios meios de comunicação? Assim como o PT já revisou grande parte dos preconceitos que tinha contra Vargas e também quanto à política de alianças, não terá também chegada a hora de revisar uma linha política segundo a qual jornais de partido ou de segmentos não se justificam mais na política moderna e que o recomendável é a interlocução por meio da própria mídia dos grandes capitalistas? A julgar pelo tom indignado e os exemplos que o presidente Lula apresenta contra a manipulação desinformativa sobre a sua gestão e sobre sua candidata, talvez tenha chegado o momento de se usar o imenso capital de popularidade para organização de um jornal popular, nacionalista, de circulação diária, massiva. E, além disso, amparado em uma Fundação para o Jornalismo Público, dotada de uma faculdade capaz de gerar uma nova linguagem jornalística, para abrir uma nova cultura de jornalismo condizente com os novos tempos vividos pelo país. Um tempo em que milhões e milhões saem dos grotões físicos e sociais, iniciam-se no exercício de certos direitos e no consumo de bens indispensáveis, mas não dispõem ainda do direito de ler um jornal que retrate a marcha das mudanças que o Brasil está experimentando e da própria mudança que suas vidas vem registrando, sob o ponto de vista civilizatório.

Sinais de mudança no jornalismo no mundo
Basta que olhemos com mais atenção o mundo. Registra-se tendência de regulação no campo das comunicações para assegurar a diversidade, a pluralidade, o humanismo e o padrão civilizatório desta indústria. E se olharmos mais em volta de nós, perceberíamos vários países com um grau de pluralismo jornalístico invejável diante do monolitismo estreito e hostil às mudanças que vivenciamos na sociedade brasileira. Na Argentina, há o jornal “Página 12”; no México , há o diário “La Jornada”; na Bolívia, ainda não completou um ano de vida o jornal “Cambio”, mas já é o recordista de vendagem, junto com o tradicional “La Razón”, que tem 70 anos de vida e, por fim, nasceu o “Correo del Orinoco”, do qual foi redator o brasileiro Abreu e Lima, que lutou junto a Bolívar na Independência frente ao imperialismo espanhol.

Toda vez que nos indignarmos com os fartos e incorrigíveis exemplos de jornalismo precário da imprensa brasileiro, será que não deveríamos também, para além da crítica, nos perguntar sinceramente por que não criamos o nosso próprio jornal popular? Não seria essa a crítica mais conseqüente a esta torrente de facciosismo que estamos a enfrentar? Na história do jornal Última Hora está uma parte das respostas.

Tá chegando o verão...

muita hidratação, pouca inundação.
Assim falou o Guru Ananda Varanda

Essa gente não pode voltar!



pescado do Escrevinhador

NEUTRALIDADE TEM LADO DATAFOLHA: DILMA 54% X SERRA 46%

51% dos eleitores de Marina já declaram voto em Serra --o que explica o avanço maior do tucano em relação ao 1º turno; 22% preferem Dilma e 18% estão na coluna dos indecisos. Possivelmente esses 18% representem o cacife eleitoral efetivo de Marina; a uma decisão sua, podem decidir a disputa entre a candidata de Lula e o representante da coalizão demotucana. Marina quer tempo para pensar. Enquanto pensa, a direita e a extrema direita avançam agressivamente com o dispositivo midiático e religioso a sua disposição. Marina pode optar pela neutralidade. A neutralidade não para o relógio da história. Com o estreitamento das diferenças, a neutralidade pode decidir a eleição a favor da direita. Mesmo sem escolher, Marina terá escolhido então um lado. Esse é o jogo, Marina; e o segundo tempo já está sendo jogado.
(Carta Maior; 10-10)

Deus Vult! (*)



colagem de basicregisters sobre obra de Hieronymus Bosch


(*):Deus Vult era o mote que a multidão insana proclamava por toda Europa depois do Concílio de Placência de 1095. Na sua ignorãncia achavam que qualquer cidade de maior porte era Jerusalém e matavam e saqueavam todo mundo. In nomine Dei tibi ignosco


O círculo da direita se fecha: teocracia, censura nas redações, ideologia do medo (Carta Maior)

É evidente que essa temática religiosa não é o que interessa para o Brasil. Mas se Serra escolheu o obscurantismo, é preciso mostrar isso à população. A esquerda, tantas e tantas vezes, foge dos enfrentamentos. Acho que desse enfrentamento não deveria fugir. Ciro Gomes disse -de forma muito apropriada - que o discurso de Serra é o caminho para um regime teocrático. O Brasil precisa que se faça esse debate.Do lado de Serra, certamente ficará muita gente. Mas tenho certeza que do outro lado ficará o que há de civilizado nesse nosso país. Há espaço para uma centro-direita civilizada no Brasil. Mas essa direita que avança com Serra não merece respeito. Merece ser combatida. O artigo é de Rodrigo Vianna.

Rodrigo Vianna - O Escrevinhador

Texto publicado originalmente no blog Escrevinhador, de Rodrigo Vianna

Com a generosa ajuda da velha mídia brasileira, e uma mãozinha da candidatura de Marina Silva, Serra conseguiu pautar a reta final do primeiro turno e o inicio do segundo turno com uma temática religiosa.

É um atraso gigantesco para o Brasil.

Parte dos apoiadores de Dilma acha que a campanha do PT deve fugir desse debate, recolher apoios de evangélicos e católicos, e rapidamente mudar de assunto.

Penso um pouco diferente.

É evidente que essa temática religiosa não é o que interessa para o Brasil. Mas se Serra escolheu o obscurantismo, é preciso mostrar isso à população. A esquerda, tantas e tantas vezes, foge dos enfrentamentos. Acho que desse enfrentamento não deveria fugir.

Por que ninguém do PT é capaz de dar uma resposta a Serra, deixando a Ciro Gomes a tarefa de pendurar o guiso no gato? Ciro disse -de forma muito apropriada - que o discurso de Serra é o caminho para um regime teocrático. Vejam:

(Ciro Gomes) “Por que o PSDB, que nasceu para ajudar a modernidade do País, resolveu agora advogar o Estado teocrático? O Serra tem de dizer que, na República que ele advoga, primeiro falam os aiatolás, e aí os políticos resolvem o que os aiatolás querem que seja feito.”

O Brasil, agora digo eu, precisa que se faça esse debate.

O Brasil precisa, também, comparar os resultados econômicos e sociais de FHC e Lula. Mas precisa de politização, precisa que se enfrente o pensamento conservador.

Essa é uma hora boa para desmascarar a intolerância religiosa.

Aliás, é preciso tomar cuidado ao associar “evangélicos”, apenas, a esse discurso intolerante. Não. Os ataques mais coordenados e mais perigosos partem da Igreja Católica.

É preciso – com muito cuidado e respeito pelos milhares de católicos e evangélicos que praticam a religião apenas para confortar suas almas, e para difundir o amor ao próximo – lembrar que já houve um tempo em que a religião mandava na política.

No Brasil Colonial, tivemos a Inquisição católica a prender, torturar e executar. A intolerância religiosa já matou muito – no mundo inteiro. Aprendemos isso na escola, ou deveríamos aprender (quem não se lembra da “Noite de São Bartolomeu” ,na França, pode ler algo aqui).

Já que Serra quer travar esse debate, devemos pendurar o guiso no gato, e perguntar se o que ele quer é um Estado teocrático. É isso?

Do lado de Serra, certamente ficará muita gente. Mas tenho certeza que do outro lado ficará o que há de civilizado nesse nosso país.

Na Espanha, esse debate é travado nas eleições. O PP (partido conservador) tem uma parceria muito próxima com a Opus Dei e com o catolicismo mais reacionário. O PSOE (social-democrata) não tem medo de assumir a defesa de um Estado laico – respeitando as práticas religiosas.

O PSOE ganhou eleição prometendo união civil de homossexuais. A direita católica do PP realizou marchas com quase um milhão de pessoas, contra essa plataforma. Levou bispos e padres (de batina e tudo) para as ruas. O PP tentou intimidar o PSOE. O que fez a centro-esquerda? Travou o debate, resistiu, deu uma banana para o terrorismo religioso. E ganhou.

É preciso ter coragem.

O círculo da direita se fecha: ela tem as igrejas (algumas), ela tem a velha mídia, ela tem a prática da intolerância.

“A ideologia da direita é o medo”, já nos ensinava Simone de Beauvoir.

A intolerância e o medo é que levaram o “Estadão” (que, diga-se, abre espaços para a Opus Dei) a demitir Maria Rita Kehl por ter escrito um artigo que contraria a linha oficial de “somos Serra até a morte”.

Nas redações, não há espaço para dissenso. Quem levanta a cabeça tem a cabeça cortada.

“Folha” (que censura blogs), “Estadão” (que demite colunista), “Veja” (com seu esgoto jornalístico a céu aberto) e “Globo” (sob comando de Ali “não somos racistas” Kamel) são a armada a serviço desse contra-ataque conservador. Isso já está claro há muito tempo. Mas Lula parece ter minimizado essa articulação, e acreditado que enfrentaria tudo no gogó – sem politizar o debate. Não deu certo. É preciso enfrentamento, politização.

Esse é um combate que merecer ser travado. Para ganhar ou perder. E acho que temos toda chance de ganhar.

Até porque, se Serra ganhar com esse discurso de ódio, e com esses apoios (panfletos da TFP, reuniões no Clube Militar, pregação e intolerância religiosas), o país (empresários, trabalhadores, classe média) precisa saber que teremos uma nação conflagrada durante 4 anos.

Não dá pra fazer de conta que isso não está acontecendo.

Há espaço para uma centro-direita civilizada no Brasil? Claro. Mas essa direita que avança com Serra não merece respeito. Merece ser combatida, como fazem os espanhóis e como fez o Ciro Gomes.

Com coragem.

Geografia apocalíptica



o mundo depois do apocalipse de 2012 vai ficar assim,e tem gente que cria isso. e eu posto hahaha!