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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mudanças Climáticas: Nossa Vida Está em Jogo

Jovens entregam à equipe de transição reivindicações sobre meio ambiente e populações tradicionais

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Cerca de 22 crianças e adolescentes que participam do encontro Mudanças Climáticas: Nossa Vida Está em Jogo entregaram hoje (8) a representantes da equipe de transição da Presidência da República uma carta pedindo que o próximo governo atue em favor da preservação ambiental, do reconhecimento da diversidade das populações do país, dos direitos fundamentais, da visibilidade social das comunidades, da reforma agrária e da demarcação e titulação de territórios.

O encontro reúne crianças e adolescentes de sete estados, representando povos tradicionais, quilombolas e comunidades indígenas, do Semiárido, de colônias de pescadores, de entidades ligadas aos sem-terra e, também, das grandes cidades. A expectativa é que tanto a carta como uma bandeira brasileira pintada por eles – com as palavras “Ordem e Progresso” substituídas por “Amor, Vida, Direitos” – sejam entregues à presidenta eleita, Dilma Rousseff.

O encontro Mudanças Climáticas: Nossa Vida Está em Jogo teve início no dia 6. Organizado pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), o evento reúne jovens do Paraná, da Bahia, de São Paulo, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Pará. “Esses jovens se reuniram para contar suas histórias sobre como estão percebendo as mudanças climáticas. Com a troca de experiências, eles descobriram que os mesmos sintomas [climáticos] são percebidos em diferentes localidades”, disse um dos coordenadores do Cese, Marcelo Schneider.

Essa foi uma das conclusões a que Naiara Sales, 13, de Indaíba (MG), chegou durante as reuniões. “Onde eu moro costumava chover todo dia um pouquinho. Agora, demora muito para chover e, quando chove, vem com muita força. O sol era mais frio e agora ficou mais quente. Isso atrapalha as nossas plantações, que é de onde vem praticamente toda a nossa alimentação. Pelo visto, isso está acontecendo também em muitos outros lugares”, disse Naiara à Agência Brasil.

Segundo ela, a comunidade tradicional em que vive costuma comprar apenas óleo, macarrão e produtos de limpeza. “Como a plantação está dando menos alimento, estamos tendo de comprar mais coisas”, acrescentou. Ela reclama também da qualidade da água em sua comunidade. “Por causa da mineração, a água ficou diferente, com cor amarelada e com o gosto diferente”, disse referindo-se às consequências do despejo de produtos químicos pelas mineradoras. “Com a chuva, vai tudo para os rios, que, por sinal, estão mais secos por causa das plantações de eucaliptos [da região]”, acrescentou a jovem.

O encontro com representantes da equipe de transição teve início por volta das 10h30. Até as 11h30 nenhuma autoridade se manifestou sobre o assunto. Os jovens ainda devem ser recebidos, no dia de hoje, no Congresso Nacional.



Edição: Lílian Beraldo

Participantes:

Grupo Cultural Afroreggae – Crianças e adolescentes da periferia do Rio de Janeiro; INESC – Projeto Criança e Parlamento; MST (Movimento Sem Terra) – Trabalho com os sem terrinha; CIR (Conselho Indígena de Roraima) – Escola indígena da Reserva Raposa Serra do Sol; APOINME (Articulação dos Povos Indígenas do NE, MG e ES) – Trabalho com adolescentes do povo Pitaguari; CPI (Comissão Pró-Índio de SP) – adolescentes Aldeia Guarani em São Paulo; CAA NM (Centro de Agricultura do Norte de Minas) – Adolescentes da Escola Geraizeira da Reserva Extrativista da Fazenda Tapera; MOC (Movimento de Organização Comunitária) – Adolescentes do semi-árido da Bahia, que participaram do intercâmbio das Águas em 2009; Articulação Puxirão – Crianças e adolescentes de Comunidades Tradicionais (pescadores e quilombolas) do sul do Brasil; CAJU (Casa da Juventude) Goiânia; Escola Ambiental Padre Lancísio – Silvânia - Goiás

Convidados:


Carlos Dayrell: Engenheiro agrônomo, coordenador do Centro de Agricultura do Norte de Minas. Em 1975, foi ele o jovem estudante que salvou uma árvores prestes a ser derrubada em Porto Alegre. Uma grande multidão se formou na frente da Faculdade de Direito da UFRGS, em uma das principais vias da cidade, a avenida João Pessoa. Funcionários da Secretaria Municipal de Obras estavam cortando dezenas de árvores para construir o viaduto Imperatriz Leopoldina. Carlos Dayrell, sócio da Agapan - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, subiu numa Tipuana (Tipuana tipa) para impedir o trabalho das motosserras. Ela está lá até hoje. O protesto terminou na delegacia de polícia política. Foi notícia nos principais jornais do mundo. Naquela época, impedir o corte de árvores era crime contra a segurança nacional. “De minha parte, colocaria como marco inicial de um movimento ecopolítico no Brasil a a ação Carlos Dayrell”, escreveu Alfredo Sirkis no apêndice da edição brasileira do livro Rumo ao Paraíso — A história do movimento ambientalista, de John McCormick.




Bené Fonteles: Artista plástico, músico e poeta paraense radicado em Brasília. Inicia-se como artista plástico e compositor no começo da década de 70 em Fortaleza - CE, onde também se torna jornalista e editor de arte. Em 1972, inicia trabalho de animação cultural, curadoria e montagem de mostras por quase todo o país. Entre 1983 e 1986 dirigiu o Museu de Arte da Universidade Federal de Mato Grosso onde desenvolve trabalho ligado a multimídia e ecologia. Sua atuação neste estado onde passa quase toda a década de 80, resulta na criação da Associação Mato-grossense de Ecologia, do Movimento Artistas pela Natureza, do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e das campanhas em defesa do Pantanal e Pelo Respeito aos Direitos Indígenas. A sua atuação como coordenador do Movimento Artistas pela Natureza o faz viver desde 1991 em Brasília e atuar com várias ongs e instituições oficiais, nacionais e internacionais para a realização de projetos de arte e educação ambiental em defesa dos mananciais hídricos.

(Na década de 80 ganhei uma pedrinha de Bené. tenho até hoje).

Deus cabe nas pedras

As pedras não cabem em si.
B. Fonteles

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