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Na aula de hoje: Todo vice é um Kinder Ovo; vem com uma surpresa dentro.



domingo, 5 de dezembro de 2010

Cultura x Crack - cena: São Paulo

Rede Brasileira de Teatro de Rua

Os artistas de rua ­merecem respeito

Por Carlos Pinto

"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem." (Mário
Quintana)

A imprensa paulistana vem destacando nesta última semana, a perseguição que
vem sendo movida pela Prefeitura de São Paulo, aos artistas de rua. Acima de
ser um ato de censura, esta perseguição veta a liberdade de trabalho e
expressão. Parece-nos que o senhor Gilberto Kassab, prefeito paulistano,
gosta de criar polêmicas desnecessárias, o que levou um ambulante dia
desses, a agredi-lo em plena via pública.

Nas grandes cidades e capitais do mundo, é notória a presença de músicos,
artistas de circo, dançarinos e atores teatrais, levando sua arte
diretamente ao povo. De Nova York a Lisboa, de Los Angeles a Buenos Aires,
de Barcelona a Moscou, os artistas de rua promovem arte e cultura recebendo
do povo, qualquer importância por esse trabalho. Um trabalho honesto que
deveria receber das autoridades e do povo, o respeito que todo artista, por
menos talentoso que seja, merece.

Assim não pensam algumas autoridades no Brasil, que tristemente nos fazem
passar à história, como castradores da arte, da cultura e da liberdade de
expressão. E não é apenas em São Paulo que tais fatos estão ocorrendo. Há
relatos de fatos semelhantes no Maranhão, no Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro e outros Estados. Ao espantar os artistas das ruas de suas cidades,
no mínimo estão contribuindo para que boa parcela deles desista de sua arte,
e se encaminhe para o crime ou para uma vida de frustrações e decepções.

Joshua Bell, um dos mais talentosos violinistas da atualidade, acostumado
aos concertos no Carnegie Hall, Metropolitan e outras grandes salas do
mundo, também tem seu dia de musico de rua e realiza apresentações no metrô
de Nova York, como também já se apresentou com a Orquestra de Heliópolis. Se
em uma de suas vindas a São Paulo, resolver fazer uma surpresa aos pedestres
da Av. Paulista corre o risco de ver o seu legitimo Stradivarius seqüestrado
por um fiscal do senhor Kassab, e terminar o dia em uma cela de um distrito
qualquer.

Grandes nomes do jazz norte-americano deixaram seu talento marcado nas ruas
de New Orleans, e jamais sofreram qualquer perseguição por praticarem sua
arte nas esquinas e calçadas de sua cidade. Hoje, quando o trabalho
realizado pelos grupos de teatro de rua em todo o Brasil começa a exibir
espetáculos de qualidade, realizando festivais estaduais e nacionais dessa
modalidade, corre o risco de ver sua arte atropelada por um administrador
insensível e inculto.

Seria trágico se não fosse comigo, pois ali no centro de São Paulo, e em
outros locais da paulicéia, o tráfico e consumo de crack rola solto e nenhum
fiscal da Prefeitura está preocupado com isso. Não seria a hora dos nossos
administradores deixaram os artistas de rua em paz, e tratarem de se
preocupar com problemas sociais, buscando as soluções que tais problemas
exigem?

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